segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O CHEIRO DA COR VIOLETA



O CHEIRO DA COR VIOLETA
08 • 10 • 2016 - Por Palmira Margarida

Cheiro de cor, sim, as cores exalam cheiros, e não sei se é o mesmo cheiro que você pode sentir ou imaginar, mas, de fato, elas não só soltam cheiros, como se comportam com formatos diferentes no ar. Isso sempre foi uma caixinha de surpresa para mim, pois depende de todo o entorno, clima, temperatura e até das pessoas presentes. Muitas me perguntam sua cor e o seu cheiro, e sempre respondo que não funciona bem assim, como seu eu fosse uma vidente, é algo involuntário. No entanto, algumas cores, por exemplo, parecem apresentar, na maioria das vezes, o mesmo “comportamento”.

Se eu começo a imaginar uma cor do espectro visível ao ser humano, como a violeta, no caso, um cheiro parecido com uma lavanda aguada começa a surgir e vem acompanhado de um som limpo, fino e contínuo, algo como “clin” alongado. Um som muito parecido com isso seria o de taças de cristal de quartzo, um pouco mais agudo e fino para tons de violeta claro, e mais fechado e alongado para os violetas escuros. Às vezes, quando é de um violeta bem escuro, quase negro, comporta-se como uma onda gigante. Já vi também violeta se portando como raio, uma espécie de relâmpago.

Em uma régua imaginária de tons violeta, a parte mais clara exalaria um cheiro de algo análogo à tal lavanda aguada e a tonalidade mais escura exala um aroma que nem consigo descrever, por falta de analogia com aromas conhecidos. De qualquer forma, os cheiros violetas são sempre frios, às vezes, até um pouco canforados e cintilantes (cintilante é uma cor fria).

Não são só as cores, há todo um mundo que vem junto delas e, no caso da violeta, sempre tenho sensação de ser um movimento de limpeza, de transmutar. Assim como as cores são ondas (a cor violeta tem comprimento de 3.900-4.500 ampere e 7,69-6,65 Hz de frequência), parece que seus cheiros dependem também de sua velocidade de propagação, tamanho e frequência. Não sou física e apenas ocorre-me esse pensamento, pois vejo e cheiro, literalmente, que os aromas de uma cor podem sofrer variações de acordo com o formato e velocidade que ela apresenta.

Na vida real, gosto do primeiro semestre do ano, que é quando as quaresmeiras roxas florescem na serra. Andar entre elas é ouvir som de “clin” e sentir o cheiro violeta me limpando. No entanto, chega um momento em que cansa, e é preciso sair, violeta em demasia começa a me deixar triste e trazer uma sensação de vazio. Parece que ela limpa tanto que deixa um silêncio e abre um espaço ensurdecedores. O vazio pode ser tão vazio que o silêncio grita.

Tento sempre associar essas sensações a situações reais, a fim de entender o porquê, se há alguma ligação, se alguém já viu ou sentiu tudo isso e, para minha total alegria, eu sempre encontro! Na Igreja católica, roxo/violeta é associado à quaresma, e as imagens dos santos são resguardadas com tecidos dessa cor. Sempre tenho a sensação de que época de quaresma é momento de autovisitação, limpeza, expurgo e, de fato, um momento de introspecção, vazio e tristeza.

O violeta bem clarinho quase chega em um azul/verde-esmeralda (sou daltônica) e, neste lugar, inicia-se um novo som, ainda mais aguado e não tão retilíneo, e sim molengo, como água mesmo. Muitas coisas também são meio violeta e carregam esse cheiro, e parecem óbvias, como a pedra ametista ou as próprias quaresmeiras. Se um dia você sentir um som de “clin” e um cheiro de lavanda aguada, pode ser uma cor violeta se fazendo presente.

Nas próximas semanas, vou escrever sobre os cheiros de outras cores, afinal, aroma é algo que não se vê, mas está em toda parte: sublime, etéreo e misterioso.

FONTE: Vertigem

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