segunda-feira, 7 de novembro de 2016

EVITE TRATAMENTOS QUE TRAZEM POUCO OU NENHUM BENEFÍCIO À SAÚDE


EXAMES E TRATAMENTOS DEMAIS

Mulheres com mais de 45 anos não precisam fazer exame de sangue para diagnosticar a menopausa, um raio X não ajuda quem sente dores nas costas e, apesar da insistência da mídia, muitas campanhas de prevenção do câncer não trazem benefícios.

Estas são apenas algumas das mais recentes recomendações da campanha Choosing Wisely("Escolhendo Sabiamente") que busca fomentar o diálogo entre médicos e pacientes a respeito das melhores opções de tratamento para seus males.

O objetivo é reduzir o número de intervenções médicas desnecessárias, sobretudo aquelas que não trazem benefícios claros ou que podem até fazer mais mal do que bem, como no caso de falsos positivos e efeitos colaterais certos e curas incertas.

A nova lista de 40 procedimentos, tratamentos e exames que trazem pouco ou nenhum benefício à saúde foi organizada por médicos de 11 especialidades, atuantes em 21 Escolas de Medicina do Reino Unido, sob a coordenação da Academia Real de Faculdades Médicas.

EXEMPLOS DE TRATAMENTOS NÃO RECOMENDADOS

Entre as recomendações que figuram na lista estão:

Pequenas fraturas no pulso em crianças normalmente não exigem o uso de gesso e se regenerarão na mesma velocidade com a colocação de uma tala.Crianças com bronquite ou problemas de respiração normalmente melhoram sem qualquer tratamento.Só há necessidade de monitorar eletronicamente o coração de um bebê durante o parto se a mãe tiver um risco acima da média de complicações.A quimioterapia pode ser usada para aliviar os sintomas de um câncer terminal, mas não cura a doença e pode gerar transtornos adicionais nos últimos meses de vida;Exames de rotina da próstata que usam um teste conhecido como Antígeno Prostático Específico (PSA, na sigla em inglês) não levam a uma vida mais longa e podem gerar ansiedade desnecessária.A água limpa machucados e cortes tão bem quanto o soro fisiológico.

O QUE PERGUNTAR AO MÉDICO

A lista será atualizada anualmente pelos especialistas de cada área, mas a instituição também recomenda que os pacientes questionem mais os seus médicos sobre os tratamentos que lhes forem indicados.

A academia diz ter evidências de que os pacientes frequentemente pressionam seus médicos para prescrever ou realizar tratamentos desnecessários.

A orientação é que os pacientes devem fazer pelo menos cinco perguntas ao médico ao buscar um tratamento:

Realmente preciso desse exame, tratamento ou procedimento?Quais são os possíveis efeitos colaterais?Há opções mais simples e seguras?O que acontecerá se eu não fizer nada?

"Acho que temos uma cultura de intervenção. Precisamos parar e refletir sobre qual é a melhor opção para o paciente em suas circunstâncias particulares. [Se] há opções mais práticas e tão seguras quanto, então por que não recorrer a elas?", comentou Sue Bailey, presidente do Conselho da Academia Real.

ESCOLHA COM SABEDORIA QUAIS EXAMES E TRATAMENTOS FAZER

EXAMES DEMAIS

Só porque é comum que os médicos peçam um determinado exame não significa que esta seja a melhor escolha para você.

Na verdade, muitos exames e procedimentos comumente pedidos pelos médicos podem lhe custar bem mais do que apenas o seu dinheiro, alerta o Dr. Brian Callaghan, da Universidade de Michigan (EUA).

De acordo com o especialista, além do desfalque na sua conta bancária, há também oprejuízo potencial de falsos positivos, e só porque um exame tradicionalmente tem sido feito para uma determinada condição não significa que esta seja a melhor forma de conduzir o tratamento em cada caso específico.

Os exemplos mais citados são os largamente difundidos exames de PSA para rastrear o câncer de próstata e as mamografias para rastrear o câncer de mama - mas agora a lista de exames preventivos na lista de "suspeitos" está cada vez maior.

ESCOLHER COM SABEDORIA

O pesquisador saiu em defesa de uma campanha chamada "Escolher com Sabedoria", uma iniciativa da Fundação ABIM, que trabalha com mais de 70 sociedades de especialidades médicas para incentivar conversas entre médicos e pacientes sobre como evitar exames, tratamentos e procedimentos desnecessários - defendendo o que a organização chama de "profissionalismo médico".

Cada sociedade médica se incumbiu de identificar uma lista inicial de cinco serviços médicos que podem ser desnecessários. Várias sociedades foram além, apresentando novas listas de cinco procedimentos adicionais - algumas delas já estão na terceira lista.

O grupo de neurologia do Dr. Callaghan começou analisando a lista da Sociedade Norte-americana de Neurologia, e depois avançou pelas listas da Academia Norte-americana de Medicina do Sono e da Academia Norte-americana de Cirurgiões Neurológicos, computando nada menos do que 74 itens suspeitos de inadequação.

Vários deles estão duplicados nas listas de várias sociedades médicas, indicando a existência de um consenso no desperdício de recursos que esses procedimentos e exames implicam e nos prejuízos que sua adoção impensada pode gerar aos pacientes.

PROCEDIMENTOS MÉDICOS POSSIVELMENTE DISPENSÁVEIS

"As duas maiores áreas que parecem estar fazendo mais [procedimentos] do que deveriam são a imagiologia para dor lombar e imageamento para dores de cabeça," disse Callaghan. "É um grande problema e custa muito dinheiro - nós estamos falando de um bilhão de dólares por ano apenas em imagens para analisar dores de cabeça."

A seguir, na lista de tratamentos que mais aparecem na lista de "possivelmente dispensáveis", estão os opioides, medicamentos para a dor que têm sido apontados como "cientificamente sem efeito":

As doenças e sintomas que aparecem com mais frequência nas listas de sobretratamentos são dores nas costas, demência e delírio, dor de cabeça e concussões.

RESSALVAS

O professor Callaghan ressalta que ele e seus colegas não estão encorajando as pessoas a dizerem não se o médico pedir um exame de imagem para analisar a dor lombar ou a dor de cabeça, mas sim que esse alerta sirva paramotivar uma discussão entre paciente e médicosobre o propósito específico de cada exame ou procedimento.

"Pedir uma ressonância magnética para dor de cabeça é muito rápido, e realmente leva mais tempo para descrever ao paciente por que esse não é o melhor caminho," disse Callaghan. "Essas diretrizes são destinadas tanto para os médicos quanto para os pacientes, para desencadear uma conversa."

FONTE: Diário da Saúde

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