segunda-feira, 24 de agosto de 2015

SEXUALIDADE - Wesley Aragão


“As pessoas tem que ser o que elas são verdadeiramente. Não é a sexualidade que é sombria, é o ser humano que tem um aspecto sombrio que pode mais facilmente se expressar na sexualidade. A humanidade ainda não sabe amar. Quanto mais humanos nos tornamos, mais capazes de amar nós somos.”

A origem da palavra sexo é seccionar, cortar. O que foi cortado ?

No Banquete, Platão fala sobre amor ; Diotima, sacerdotiza de Afrodite, vai ensinando os filósofos os segredos e mistérios do amor. Essa é uma concepção platônica da humanidade que originalmente era andrógina.

Segundo ela, os deuses resolveram neutralizar o poder e a felicidade desses seres que, depois de seccionados, começaram a ansiar muito um pelo outro. É Eros quem vem para reunir as partes separadas.

Sexo é religião – cada vez que se faz sexo está se religando. Em várias culturas diferentes, percebeu-se essa relação, o sexo era uma coisa sagrada.

No mito de Kali, na Índia e nas celebrações celtas cujas orgias celebravam o ato criativo, observa-se a sacralidade do sexo.

Na época romana o sexo foi desvinculado da religiosidade, porque, até a época dos gregos, beleza e divindade caminhavam juntas – o cheirar e o comer era belo. As orgias romanas eram uma avacalhação geral. Agostinho foi um dos que tentou resguardar a alma dessa dessacralização.

O movimento cristão vem tentar purificar essa degradação romana. Já na idade média, o sexo e tudo o que estava interligado a ele virou profano, diabólico. A mulher, assim como o prazer nesse patriarcado virou culpado, reprimido.

A religião virou renúncia e ascetismo, saída e condenação do mundo : a clausura ; tentação versus salvação e misoginia, horror da mulher.

Portanto o sexo que na antiguidade era sagrado, agora virou pecado.

A renascença veio abalar a mentalidade medieval. A relação homem/mulher e o casamento estavam ligados a propriedade e ciúmes.

Rudolf Steiner fala de diferenciação das almas :  na época grega a “alma do intelecto ”, na época medieval a “alma do sentimento”, e na época moderna, a “alma da consciência”. Foi Kant quem primeiro falou de auto consciência, esta é uma percepção interna recente, onde cada um é ligado à si próprio.

Steiner propõe que, para cada um ser si mesmo, devia-se partir para o individualismo ético em lugar do egoísmo – o judeu herege foi Jesus e o maior herege indú foi Buda.

O toque é o elemento básico da sensualidade. A hipersexualidade da época  atual é justamente por uma hiposensualidade, ou em outras palavras, uma cultura com muita falta de toque, tato.

A concepção evolutiva da antroposofia se distingue da ciência oficial que crê na descendência do animal ; em um sentido, quanto mais para traz na evolução, mais espiritual e não animal .

Para que serve o sexo ? Reprodução, prazer, afeto, espiritualidade .

Existe uma relação direta entre a insatisfação afetiva, de toque, e as formas de câncer, em mulheres ,mais comuns o da mama e colo de útero, e nos homens, de pulmão e próstata .

Individual é uma coisa que não se divide. Uma das maiores coisas esquisofrênicas é puxar o espiritual para um lado e o sensual para o outro.

A “alma da consciência” exige que façamos escolhas livres e harmônicas com o si mesmo – pressupõe auto conhecimento.

Nos antigos mistérios existia o processo de iniciação que começava pela Katarsis, seguia para a Katabasis ( encontro com o sósia ), e terminava com a Anabasis ( encontro com Deus ).

Quando se tem uma proposta espiritual na vida, a primeira coisa que se tem que perder é a contradição entre as coisas .

São apenas aspectos diferentes da vida.

As pessoas tem que ser o que elas são verdadeiramente. Não é a sexualidade que é sombria, é o ser humano que tem um aspecto sombrio que pode mais facilmente se expressar na sexualidade.

A humanidade ainda não sabe amar. Quanto mais humanos nos tornamos, mais capazes de amar nós somos.

FONTE: www.elianeutescher.wordpress.com

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