sexta-feira, 15 de agosto de 2014

NÃO DEIXE QUE SEU MÉDICO FAÇA - PARTES IV E V


COISAS QUE VOCÊ NÃO DEVE DEIXAR QUE SEU MÉDICO FAÇA - PARTE IV

Quando se trata de tecnologia, mais recente geralmente é melhor. Mas isso não é necessariamente verdade quando se trata de implantes médicos.
Existem centenas de tipos diferentes de próteses de quadril – também chamados de quadris artificiais – disponíveis, com novos projetos surgindo todos os anos.
Mas pode levar 15 anos ou mais para ver se um novo modelo é tão eficaz e de longa duração quanto os já existentes. O problema mais recente que veio à luz envolveu próteses de quadril de metal, que poderiam desgastar muito rápido, liberando metais na corrente sanguínea.
“Algumas pessoas ficam muito ansiosas para receber a mais nova tecnologia,” diz o Dr. Siôn Glyn-Jones, cirurgião ortopédico da Universidade de Oxford (Reino Unido)
“Eles leem sobre isso [nos jornais]. Passamos a maior parte do nosso tempo dizendo ‘Não, [essa tecnologia] é muito nova’,” conta ele.
E os cirurgiões também não estão imunes aos apelos de marketing dos fabricantes: “Há uma necessidade de continuar a inovar, mas há um equilíbrio entre inovação e segurança,” disse Glyn-Jones.
Nos EUA, novos dispositivos devem passar por anos de estudos randomizados controlados antes de serem postos à venda.
Na Europa as exigências são muito menos estritas: os aparelhos simplesmente têm que passar por alguns testes básicos de segurança.
No Brasil, as próteses devem ser registradas na Anvisa e são monitoradas através do Registro Nacional de Artroplastia – o alerta recente da agência sobre as próteses de quadril metal-metal refere-se sobretudo às normas norte-americanas.

COISAS QUE VOCÊ NÃO DEVE DEIXAR QUE SEU MÉDICO FAÇA - PARTE V


Check-ups gerais de saúde – também conhecidos como rastreios, triagens ou simplesmente “exames de rotina” – têm sido muito populares, sobretudo em empresas, onde devem ser realizados obrigatoriamente por todos os empregados todos os anos.
A tradição veio dos Estados Unidos. Na Europa, o mais comum são check-ups a cada cinco anos. No Reino Unido, por exemplo, os exames preventivos estão voltados principalmente para a redução do risco de doenças cardiovasculares.
Os médicos medem a pressão sanguínea, níveis de colesterol e índice de massa corporal e dão alguns conselhos gerais de saúde.
A prática se tornou tão comum que fazer um check-up regular virou “exame de rotina”, soando quase como senso comum – a última palavra em medicina preventiva.
Contudo, essas consultas programadas e seus exames são surpreendentemente controversos entre os especialistas que defendem a medicina baseada em evidências.
Isso porque esses exames de rotina são uma forma de triagem, ou rastreio – em outras palavras, procurar doenças em pessoas que não têm sintomas.
E as triagens têm o mau hábito de fazer mais mal do que bem se forem realizadas sem grandes ensaios que demonstrem sua eficácia.
As desvantagens potenciais do rastreamento incluem deixar as pessoas preocupadas desnecessariamente (falsos positivos), oferecer uma falsa confiança (falsos negativos) ou levar a exames e tratamentos desnecessários.
Isso tem sido demonstrado em vários tipos de triagem, como o antígeno específico da próstata (PSA), câncer de ovário, autoexame da mama e eventualmente também as mamografias.
Têm sido feitos vários estudos para avaliar a eficácia dos check-ups gerais de saúde, e as conclusões têm sido extremamente negativas. O mais recente, e um dos maiores já feitos, analisou cerca de 600.000 pessoas dinamarquesas que puderam fazer verificações anuais de saúde por cinco anos. Cinco anos após este período de práticas preventivas, não houve qualquer efeito sobre os ataques cardíacos ou taxas globais de mortalidade entre as pessoas monitoradas.
“A primeira coisa que sabemos sobre todas as triagens é que elas causam danos,” sentencia o Dr. Peter Gotzsche, que dirige o Centro Nórdico Cochrane em Copenhague (Dinamarca). “Às vezes, os benefícios são maiores do que os danos, e às vezes eles não são.”

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